Vinho, ceviche e leões-marinhos

Islas BallestasÀ tarde, perguntei ao Marco onde poderia provar o famoso vinho de Pisco. Guiou-me a uma casa privada onde bebemos vários copos na companhia de um casal de velhinhos muito acolhedor. O homem fazia recauchutagem de pneus e a oficina e a casa estavam debaixo do mesmo tecto. Já agora, a sala de estar onde nos colocamos, entre ferros e cheiros a óleo, era no passeio da rua. Deixamo-nos estar por um par de horas e fomos bebendo. O vinho era branco, forte e muito saboroso. Era fabricado na cidade vizinha, Ica, mas Pisco era o nome do vinho, por isso é que também era muito famoso aqui. A verdade é que Marco e eu nos deixamos lentamente embebedar sem passar dos limites. Estávamos bem. A apanhar sol com um copo na mão. Já tocados, saímos. Perguntei quanto era e o simpático senhor disse que era oferta. Envergonhado agradeci e ainda tentei dar algum dinheiro que recusaram. Saí agradecido e borracho. Marco voltou ao trabalho e eu fui passear, sem destino, pelo centro. Se um dia cá vierem, passem na Calle Cerro Azul, 59 para darem um abraço aos senhores que vos abrirem a porta. Sou eu que recomendo e digam que vão da parte do português com nome de santo.

Voltei ao meu hotel e, pouco antes do jantar, fui até a Plaza Belén que tem o nome da igreja que a apadrinha. A igreja, de clara influência colonial (claro!!!), tem uns tectos muito bonitos. Enquanto pedia um emoliente nos pequenos carros que estão no meio das praças comecei a falar com um senhor. Começou-me a explicar como eram os peruanos e os cuidados que eu deveria ter. Estivemos na conversa mais de uma hora. Chamava-se Augustin e tinha nascido no dia 28 de Agosto, dia de Santo Agostinho, exactamente como eu chamar-me Inácio e ter nascido no dia de Santo Inácio. Graças a esta coincidência desenvolvemos logo uma afinidade muito grande. Augustin deveria ter perto de 60 anos e trabalhava no porto como guarda alfandegário. Ao fim da tarde vinha sempre à Plaza para não estar em casa a ouvir os desvarios da mulher. A mulher era serrana, por isso, Augustin não sentia nenhuma diferença em relação aos peruanos das montanhas mas, advertiu-me que na costa muita gente não gosta dos serranos. Perguntei-lhe por um restaurante para jantar. Levou-me ate à porta para me indicar o local e recomendou-me ceviche para comer. Perguntei o que era. Respondeu-me: “Peixe e algas marinhas usadas em Itália para fazer produtos de beleza. Nós aqui comemo-las.”. Claro que tinha que experimentar. E experimentei! Muito salgado com um forte sabor marinho. Augustin deu-me o seu número de telefone e parti de regresso ao meu hotel. Ainda passei num internet café onde comecei a escrever esta crónica. Deitei-me e tive uma noite sossegada. Deitei-me cedo porque no dia seguinte teria de partir às 7h para a minha visita ao Parque Natural de Paracas.

Despertei cedo e tomei um forte pequeno-almoço mesmo ao lado do local de encontro. Começaram a chegar umas camionetas velhas que iriam transportar os turistas até Chaco, local onde se apanharia o barco. De cada camioneta saía uma mulher com uma lista de nomes na mão. Passaram aí umas 10 e o meu nome não apareceu. Comecei a duvidar da honestidade de Marco Zapata. Enfim, chegou o meu meio de transporte. A guia, gordinha e com um chapéu de palha muito castiço, chamou em voz alta pelo Ignácio… e o Inácio entrou! Demos mais não sei quantas voltas à cidade para ir buscar alguns turistas ao hotel e, num dos casos, a guia entrou no hotel e ainda foi busca-los ao quarto. Era uma família de peruanos cujo despertador não tinha despertado. O tempo estava cinzento e eu esperava pacientemente por uma aberta de sol para tirar umas fotos. A aberta não veio e tirei na mesma as fotos. Chegamos a Chaco e estava uma confusão de turistas. Fomos apresentados a Octávio, o nosso guia no barco. Octávio é peruano, novo, bem disposto e com a mania que fala inglês. Um guia muito castiço que me deu um local privilegiado na frente para tirar as melhores fotos.

O barco arrancou. O condutor era um velhinho pequeno com um chapéu da marinha e com uma camisa com tantos galões que dava ideia de ter o título de patrão de costa. Mas não de uma costa qualquer. Para a quantidade de galões que ostentava parecia ser o dono de toda a costa pacífica americana! Da cintura para baixo uns jeans sujos e maltratados, rasgados num dos bolsos de trás. No entanto, perante todo este figurino, portou-se brilhantemente como o patrão da embarcação Humboldt II. O barco desatracou e fugiu da costa. Para trás viam-se muitos pelicanos em busca do peixe dos pescadores e milhares de gaivotas que empestavam tudo com a sua caca pestilenta e corrosiva.

Rapidamente nos encontramos num local junto a península de Paracas com o nome de Candelabro. É um local muito famoso que na encosta conta com um desenho com mais de 170 metros de altura de origem desconhecida de um candelabro. É algo muito estranho. Já há registo deste desenho há pelo menos dois séculos atrás. Não se sabe como apareceu e só se sabe que não desaparece com os ventos. Os habitantes locais atribuem este facto a seres de outro mundo ou provavelmente de outra era espacial. Como este candelabro, existem também numerosos desenhos numa povoação mais a sul de nome Nazca que conta com dezenas de representações de animais que mais tarde irei ver e fotografar.

De repente, chegamos a parte mais interessante. Numa pequena praia encontravam-se milhares de leões-marinhos. Era o local conhecido como a maternidade. Um barulho ensurdecedor preenchia o local. Todos os animais gritavam e comunicavam em alto e bom som. Uns tantos leões mais novos mergulhavam na água e nadavam em direcção do barco rebolando dentro de água. Outros, como que modelos profissionais habituados a posar para a fotografia subiam a umas pedras para fazerem as suas melhores poses. Alucinante! Por volta das 11 da manhã estávamos de volta à costa, mais propriamente na praia de Chaco. Tomei um café e parti na camioneta de regresso. Muitos outros turistas continuavam para sul para visitar o Museu do Parque Nacional. Preferi não ir para partir ainda esta tarde rumo a Nazca, a famosa terra das linhas alienígenas. Para alem disso, de museus estou eu farto. Há-os aos pontapés por toda a Europa!

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