O meu dia-a-dia tem sido muito simples. Acordo cedo, com a luz da manhã a entrar pela janela, tomo um bom pequeno-almoço e sigo para a praia mais próxima. No intervalo das surfadas visito a cidade, subo a um monte, aventuro-me por um pinhal, tiro algumas umas fotos… e à noite, quando não há nada para fazer, vou até uma loja de Internet consultar as previsões, descarregar as fotos, trocar uns e-mails e falar no Messenger com os amigos. Há dias em que, para além dos cumprimentos de circunstância a entrar e sair da água ou na cozinha de um backpacker, praticamente não falo com ninguém. Outros dias lá aparece alguém, lá se trocam duas de letra, contam-se umas histórias, vai-se conhecer um bar, beber uma cerveja, partilhar um momento rápido.
A caminho de Newcastle, passo ainda por vários sítios espectaculares e quase desertos, como Lennox Head, Yamba e Boomerang Beach, e acabo por apanhar altas esquerdas debaixo de um calor arrasador numa praia que eu penso ser o beach break de Angouri Point.
No dia seguinte rumo a Sydney. Faço uma última surfada numas esquerdinhas de meio metro em Narrabeen e nessa noite janto no Tailandês de Bondi Beach com a Xica, o Hamish e uns amigos. Arrumo as pranchas no saco e passo o fim-de-semana a visitar a cidade e a ver futebol com os vizinhos. O FC Porto tinha acabado de derrotado o Manchester United na Liga dos Campeões (na Austrália acompanha-se o campeonato Inglês) e eu era o vilão lá do bairro!
Depois de conseguir enrolar o staff da British Airways para não pagar o excesso pela segunda prancha, sinto-me bem a cumprir as formalidades de embarque e a entrar sozinho no avião. Sem medo.
– Boa tarde, sir.
– Leva-me para casa… mate!