Roteiro de 3 dias para visitar a Beira Baixa
A Beira Baixa é uma região surpreendente e com muito para oferecer em termos de turismo. Cheia de história, lendas e tradições, beleza natural e boa gastronomia! Situada entre Lisboa e Porto, tem estradas bonitas e em bom estado, ideais para quem gosta de viajar de carro. Esta é uma proposta de roteiro para 3 dias de road trip.
Dia 1: De Idanha-a-Velha a Monfortinho
O primeiro dia deste roteiro pela Beira Baixa pode ser relativamente mais curto, uma vez que pode incluir a deslocação desde o ponto de origem (Lisboa, Porto ou outra cidade). Se assim for, prepare-se para almoçar comida de inspiração ancestral e terminar o dia com um banho de termas!
Idanha-a-Velha
Idanha-a-Velha é uma das 12 aldeias que fazem parte do restrito conjunto das Aldeias Históricas de Portugal. É, também, uma das mais antigas.
Toda a aldeia está classificada como Monumento Nacional, não só devido aos variados e monumentais vestígios deixados pelos diversos povos que a habitaram – esteve sob domínio romano e muçulmano até ser reconquistada pelos cristãos no século XII – mas também pelo enorme legado histórico que representa.
Entre pela Porta Norte, junto à muralha, e vá caminhando até à Torre de Menagem, o que resta do antigo Castelo de Idanha-a-Velha. Pelo caminho vai passar por todos os pontos de interesse, como a Igreja Matriz e o Pelourinho, a Casa Marrocos, a Capela de São Dâmaso, a ponte romana sobre o Rio Pônsul, a Igreja Catedral, o Lagar das Varas e o Museu Epigráfico, etc. A aldeia é muito pequena e não há muito que enganar!
Se fizer a visita durante a manhã, vai terminar mesmo a tempo de provar uma das iguarias do menu de inspiração romana da Chef Maria Caldeira de Sousa, na Casa da Velha Fonte na Casa da Amoreira. Telefone com antecedência para reservar.
Se quiser planear com mais detalhe e obter informação actualizada sobre horários, garantir que os locais estão abertos, possibilidade de visitas guiadas, etc, contacte directamente o Posto de Turismo.
Posto de Turismo de Idanha-a-Velha
Rua do Lagar
277 914 280
Penamacor
Estrategicamente localizado tão perto da fronteira, o Castelo de Penamacor foi um dos mais importantes pontos de defesa do território nacional durante a guerra da restauração da independência, travada com a Coroa de Castela na segunda metade do século XVII.
Atualmente, o pouco que resta desta poderosa fortaleza – muralha e antigos baluartes, porta de entrada para a antiga vila, torre de vigia, torre de menagem – está bem conservado e classificado como Monumento Nacional, podendo ser visitado a qualquer altura (por azar, no dia em que visitei Penamacor estavam a decorrer obras de recuperação e não pude subir ao centro histórico).
Para quem gosta de igrejas, uma visita ao Convento de Santo António é essencial. Fundado em 1571 pelos Frades Capuchos de São Francisco, passou por diversos períodos de abandono e degradação, estando actualmente entregue à Santa Casa da Misericórdia.
Para agendar visitas guiadas o centro histórico e ao castelo, bem como a igreja e convento, o melhor é contactar previamente o Posto de Turismo.
Posto de Turismo de Penamacor
Largo Tenente Coronel Júlio Rodrigues da Silva
277 394 106
turismo@cm-penamacor.pt
Onde dormir em Penamacor
Se decidir ficar a dormir em Penamacor, as Casas da Penha são uma excelente opção! Mas não deixe de ver também outras sugestões.
» Casas da Penha
» Moinho do Maneio
» Palace Hotel & Spa Termas de São Tiago
Termas de Monfortinho
As águas da Fonte Santa de Monfortinho são particularmente indicadas para problemas e doenças crónicas de pele e, também, para outro tipo de patologias hépato-vesiculares, reumáticas, gastrointestinais e das vias respiratórias.
Para além da vastíssima lista de tratamentos relacionados com o termalismo clássico (terapêutico), as Termas de Monfortinho oferecem uma série de terapias de repouso e bem-estar ideais para “termalistas de ocasião”, como eu, terminarem um intenso dia de visitas turísticas! É recomendável fazer marcação com antecedência.
Termas de Monfortinho
www.termasdemonfortinho.com
secretaria@termasdemonfortinho.com
277 430 320
Hotel Fonte Santa
Situado mesmo ao lado das Termas de Monfortinho, o Hotel Fonte Santa é uma excelente opção de alojamento para ficar durante um roteiro pela Beira Baixa. Historicamente ligado às próprias termas, é o que eu chamo de “hotel à moda antiga”, instalado num espaçoso edifício com alguma idade e carácter, mas com todas as modernidades e conforto dos tempos actuais.
O cenário envolvente, no meio da natureza, convida a uma estadia tranquila com tempo suficiente para aproveitar a magnífica piscina e o restaurante com varanda e vista sobre os montes espanhóis.
Dia 2: De Monsanto a Castelo Branco
No segundo dia deste roteiro pela Beira Baixa, a proposta é regressar ao passado enquanto explora aldeias e vestígios pré-históricos, terminando o dia com a contemporaneidade da capital de região.
Monsanto
Conhecida como a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, a aldeia de Monsanto entrou para a lista das Aldeias Históricas de Portugal em 1995. Os primeiros vestígios da sua existência remontam ao período Paleolítico (pré-história) e por aqui terão passado romanos, visigodos e árabes, a quem D. Afonso Henriques finalmente conquistou a povoação para, depois, a entregar à Ordem dos Templários.
O cenário visual desta aldeia-monumento, com as casas e abrigos incrustados nos enormes penedos de granito, parece tirado de um conto ou filme de ficção como os Flintstones ou a Guerra do Tronos. Aliás, correm actualmente notícias que algumas cenas de “House of the Dragon”, a prequela desta última, poderão ser rodadas aqui.
Comece o passeio na Igreja Matriz e, a partir daí, vá subindo até é ao Castelo de Monsanto, que se encontra classificado como Monumento Nacional desde 1948 e de onde conseguirá ter uma vista esplendia sobre a própria aldeia os vales circundantes. Pelo caminho, vai passar pelo Cruzeiro de São Salvador, a Torre do Relógio, penedos gigantes e vários outros pontos de interesse. E, quando vir o desvio para o Miradouro, não hesite em ir lá espreitar e tirar uma foto!
Monsanto é uma das principais atracções turísticas da Beira Baixa e nenhum passeio pela região ficará completo sem a visitar. Se decidir ficar a dormir na aldeia, o Monsanto GeoHotel é uma boa opção.
Onde dormir em Monsanto
Estas são as melhores opções de alojamento na aldeia de Monsanto.
» Monsanto GeoHotel
» Casa do Castello Monsanto
» Casa Pires Mateus
» Casa de David
Penha Garcia
Penha Garcia é uma aldeia que se destaca no horizonte quando se passa na estrada nacional N239 e a sua origem vem de há cerca de 500 milhões de anos, quando as escarpas quartzíticas que formam hoje a serra com o mesmo nome eram uma imensa zona oceânica.
Actualmente, para além da beleza pitoresca da aldeia em si (casario, ruas, pelourinho, forno comunitário, fontes, capela, igreja, etc), a grande atracção é a chamada “Rota dos Fósseis”, um curto e acessível percurso pedestre entre o vale e as arribas onde é possível observar a enorme riqueza fóssil e os vestígios pré-históricos dos seres marinhos que aqui viviam na era Primária ou Paleozóico.
Começando no monumento ao 25 de Abril, suba vagarosamente pela “frente da aldeia” até ao ponto mais alto do Castelo. A partir daí, aproveite as deslumbrantes vistas desafogadas sobre a aldeia e o vale e, depois, comece a descer seguindo o trilho em direcção à “superfície lunar” que se apresenta à sua frente. Uma vez lá em baixo, explore também os moinhos de água e não se esqueça de levar fato de banho para, no final, ainda dar um mergulho na Praia Fluvial do Pego.
Dica de viagem
Encomende um cabaz de picnic da Geocakes para disfrutar numa sombrinha junto ao rio.
Para mais informações, visitas guiadas e contactos, veja o site do Geopark Naturtejo.
Geopark Naturtejo
www.naturtejo.com
277 202 900
geral@naturtejo.com
Castelo Branco
Castelo Branco é uma cidade secular relativamente pequena que se consegue visitar a pé num só dia. História e património, diversidade de espaços culturais e de lazer, pouco transito e uma localização espaçosa entre a serra e a planície, tudo concentrado num município que oferece uma boa qualidade de vida.
Nesta escapadinha de três dias que fiz pela Beira Baixa não passei muito tempo na cidade, mas já a conhecia de outros tempos. Este são alguns dos meus locais preferidos e que acho que vale a pena conhecer:
» Jardim do Paço Episcopal
» Parque da cidade
» Praça do Município
» Solar dos Viscondes de Oleiros
» Palácio dos Viscondes de Portalegre
» Sé Catedral
» Ruas e casas da zona histórica
» Museu Cargaleiro
» Castelo e muralhas
Uma visita porventura menos evidente, mas muito interessante de se fazer, é ao Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, onde se pode aprender sobre a história antiga e recente do que é o maior ex-libris cultural do Concelho e uma forma de expressão artística única. Para além de espaço de museu, o centro acolhe também uma Oficina-Escola que reúne algumas das mais aptas bordadoras.
Posto de Turismo de Castelo Branco
Praça do Município
272 330 339
turismo@cm-castelobranco.pt
Museu Cargaleiro
O Museu Cargaleiro, instalado no histórico Solar dos Cavaleiros e noutro edifício contemporâneo contíguo, reúne a obra e a colecção de um dos maiores génios da pintura e cerâmica portugueses – Manuel Cargaleiro. Aqui encontram-se expostas não apenas peças do artista, mas também peças de outros artistas e amigos que fazem parte de sua colecção como, por exemplo, inúmeros exemplares da chamada “cerâmica ratinha”.
A exposição está muito bem montada e organizada de uma forma muito interessante, onde é possível ir aprendendo um pouco sobre a vida do autor, a sua ligação à Beira Baixa e os as diferentes fontes de inspiração e fases criativas.
É uma visita que, com toda a certeza, vale a pena fazer durante uma estadia na cidade de Castelo Branco, tanto para verdadeiros conhecedores de arte como para leigos como eu.
Para mais informações e possibilidade de visitas guiadas, consulte o site do Museu Cargaleiro.
Hotel Meliá Castelo Branco
O melhor sítio para ficar a dormir na cidade de Castelo Branco é, sem dúvida, o Hotel Meliá Castelo Branco. Tenho boas recordações deste hotel, de uma altura da minha vida em que lá ficava quase todas as semanas (chamava-se Colina do Castelo e ainda não pertencia à cadeia Meliá).
Entretanto, foi alvo de uma grande remodelação e está mais bonito e confortável do que nunca! A espectacular vista sobre a cidade e a montanha mantém-se, claro, e a grande piscina interior continua a fazer delícias nos finais de tarde de um dia cansativo. É um dos meus hotéis preferidos em Portugal e uma recomendação certeira para quem decidir ficar a dormir na cidade.
Dia 3: De Vila Velha de Rodão a Oleiros
Entre rios e cascatas, formações geológicas e observação de aves, neste último dia de road trip pela Beira Baixa vamos privilegiar o contacto próximo com a natureza.
Portas de Ródão
As Portas de Ródão são o que, em termos técnicos, se costuma chamar de “acidente geológico”. Trata-se de estreitamento súbito das margens do Rio Tejo que começou a ganhar forma há mais de 2,5 milhões de anos, por efeito da erosão conjugado com alguns acidentes tectónicos (vulgos pequenos tremores terra). Um processo muito lento e que decorreu em várias etapas, algumas das quais se conseguem identificar por observação atenta das margens.
Actualmente, esta imponente garganta de 45 metros de largura e paredes de quartzo escarpadas com cerca de 170 metros altura, que se assemelham a enormes portas, está classificada como Monumento Natural desde 2009 e é um dos maiores ex-libris da Beira Baixa. Para além disso, o local serve de habitat para uma grande diversidade de espécies de aves, algumas em vias de extinção, de onde se pode destacar a maior colónia de grifos do país.
No topo da “porta norte”, que pode ser acedida de carro e de onde se consegue ter uma vista panorâmica sobre ao vale do Tejo, encontram-se as ruínas do que terá sido o castelo de um rei visigodo (Rei Wamba), cujas lendas e histórias rocambolescas podem ser contadas durante um agradável passeio de barco a partir do cais de Vila Velha de Ródão.
Posto de Turismo de Vila Velha de Ródão
Rua do Porto do Tejo
272 540 312 | 963 445 928
turismo@cm-vvrodao.pt
Cascata de Água d’Alta
A Cascata da Fraga de Água d´Alta é a maior cascata existente Geopark Naturtejo e em toda a região da Beira Baixa e está inserida num percurso pedestre chamado de “GeoRota do Orvalho”. Este percurso, também conhecido como “Passadiços do Orvalho”, fica localizado em Orvalho (que surpresa!), que pertence ao concelho de Oleiros.
Durante a rota completa, que tem cerca de 9km de extensão e é constituída maioritariamente por trilho (passadiços propriamente ditos terá cerca de 2km construídos nos pontos mais exigentes), existem várias pequenas cascatas, poços de água e pontes de madeira, mas é possível fazer apenas algumas partes, uma vez que tem diferentes pontos de acesso. Se quiser ir directamente à cascata, pode ir de carro até este local: Passadiços do Orvalho.
Oleiros
Tive pouco tempo para conhecer Oleiros, mas o suficiente para querer voltar e explorar com mais vagar. É uma terra genuína, com gente simples e esforçada que combate a força do isolamento com todas as armas que tem.
Dica de viagem
Se é um bom garfo e apreciador de carne, não deixe de provar o cabrito estonado (tipo leitão) da Adega dos Apalaches. Reserve com antecedência!
A área por baixo da ponte sobre a Ribeira de Oleiros, onde está instalada a obra Moon Gate, é muito agradável e, partir daí, pode-se seguir por um circuito pedonal até à praia fluvial. A Moon Gate faz parte do projecto Experimenta Paisagem, que propõe roteiros de acesso livre e incluem a experiência e vivência das paisagens habitadas com as suas obras de arte.
Onde dormir em Oleiros
Fiquei convencido com a pacatez de Oleiros e irei lá voltar para ficar uns dias a descansar num destes alojamentos.
» Hotel Santa Margarida
» Refúgios do Pinhal
» Camping Oleiros
Pode ser surpreendente, mas disseram-me que Oleiros tem a maior concentração de espaço de retiros de yoga da Europa. E, acreditem, essa malta anda sempre á procura de locais com boas energias!
Posto de Turismo de Oleiros
Praça do Município
272 107 339
geral@cm-oleiros.pt
Mapa do roteiro para visitar a Beira Baixa
Nota
Visitei a Beira Baixa a convite do Turismo Centro de Portugal. Como sempre, os conteúdos, referências e opiniões são pessoais e isentos de qualquer influência de parceiros institucionais ou comerciais.
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Otimo post, gostei bastante de ler!!!