Por I love you

Chegámos a Manuel António, um dos principais destinos turísticos na Costa Rica, já de noite e depois de muitos quilómetros debaixo de uma chuvada tropical. Eu e o Ricardo ainda tivemos energia para, depois de nos instalarmos, ir investigar o El Avion, um bar montado num antigo avião de carga capturado à guerrilha contra-revolucionária da Nicarágua.

O dia em que quase não dormi sozinho em Quepos, na Costa Rica

No dia seguinte, recomendaram-me o “Sargento Garcia”, um dos melhores bares que já conheci. Aquele boteco de esquina em Quepos, onde tocava boa música, se bebia cerveja com muito gelo e se confraternizava sem preconceitos, tinha um ambiente que me fazia sentir à vontade.

Confesso que, quando comecei a falar com ela, não a reconheci. Mas, no meio da conversa, lá percebi que me tinha visto na noite anterior no “El Avion”. Estava com amigas. Duas ou três, não me lembro bem.

Pensei que ia ser uma conquista rápida, até porque não ia ficar muitos dias, mas logo me apercebi que não ia tomar esse caminho. A Rhunia não estava interessada numa aventura casual com um gringo da Europa. Era separada, tinha um filho em San Jose e tinha vindo recentemente para Quepos tentar ganhar mais algum dinheiro. Tinha dois empregos: um como secretária numa empresa de águas e outro como recepcionista no SPA das Casitas Eclipse, onde depois acabei por fazer uma massagem maravilhosa!

Por outro lado, parecia totalmente aplicada em me fazer sentir “em casa”, apresentando-me os seus amigos, levando-me a uma happy-hour no café central durante o jogo Costa Rica–Chile, ou deixando-me uma hora a falar com as suas vizinhas sentado na soleira da porta da cabina que partilhava com a sua amiga Alexandra.

Uma noite, combinámos sair a uma discoteca local e fiquei de passar na cabina delas para as apanhar.

– Te pareces una puta con esa ropa – alerta Rhunia, preocupada com a imagem da amiga.

Rhunia parecia a “mãezinha” daquelas miúdas todas. Ouvi-a, várias vezes, dar bons conselhos à amiga destrambelhada e, outras tantas, via-a trazer comida para as vizinhas, que de outra forma passariam o dia com pouco mais que duas ou três bolachas na barriga.

O comentário, apesar de sincero e sem maldade, foi suficiente para desencadear um daqueles bate-boca latinos que vemos nos filmes. A Alexandra passeava esbaforida de casa em casa perguntando às suas vizinhas se também achavam que parecia “una puta”. Até que chegou a minha vez.

– Dime se te parezco una puta! Por que así me quedo!

Não cheguei a responder, mas temo que o meu silêncio prolongado tenha denunciado alguma resposta. A Alexandra acabou por ficar em casa, triste por tomar consciência que durante tanto tempo andou vestida de uma forma que as amigas não achavam adequada mas que, até aquele dia, nenhuma tinha tido a coragem de o dizer.

cabina quepos costa rica
Alex e Rhunia na sua cabina em Quepos.

Já na discoteca, uma estrutura aberta de madeira onde a maioria dos homens, incluindo eu, andava de calções, t-shirt e chinelos, estavam algumas mulheres bonitas. Ou melhor, estavam algumas mulheres que, com o calor dos trópicos e algumas cervejas em cima, começam a parecer mais bonitas.

Havia particularmente uma que me olhava fixamente. Para onde quer que eu me virasse, lá estava ela. Mulata, bem feita, mini-saia branca e top rosa. Resolvi tirar as dúvidas e aplicar o golpe fatal. Encaminhei-me lá para fora, passando bem junto a ela com um olhar comprometido. Se ela estivesse interessada, havia de me seguir. E seguiu. Mas ficou admirada quando eu me mostrei surpreendido por haver dinheiro envolvido.

– Claro que es por dinero! Que querias? Por “I love you”?

Perante aquela expressão, não consegui evitar um grande sorriso. Agradeci a disponibilidade e voltei para dentro, onde continuei a beber e a rir com os amigos da Rhunia. Havia um que insistia em tentar convencer o resto do grupo que eu era “Nica” (da Nicarágua) e que deviam dar-me uma coça.

Na Costa Rica, o meu destino era dormir sozinho. Não estava com sorte. Ou, por outro lado, até estava.

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