Partida para o Caminho Inka

Partida para o Caminho InkaA última vez que escrevi estava de partida rumo ao Inka Trail, armado em herói, a tentar fazer os 33 kms em pouco mais de dois dias com uma perna às costas e a pôr os carregadores com os “bofes” de fora. Pois, a verdade, foi quase essa. Não se preocupem que eu já vos conto.

 

Depois de separar as coisas mais importantes para levar e deixar o restante equipamento no hotel, deitei-me cedo com o objectivo de descansar bem e preparar-me psicologicamente para uma caminhada à séria, amplamente percorrida por personagens famosas do império inca e dos impérios contemporâneos. Ás 6h30 estava a acordar ao som do meu fantástico despertador. Carreguei no snooze para descansar mais 5 minutos e lentamente despertar para um dia que se avizinhava em cheio.

 

Pela primeira vez, deitado na cama, comecei a reparar com atenção em alguns pormenores do quarto fantástico onde estava alojado. Mais parece um buraco mas tem tudo a ver com a idade média, logo torna-o fascinante e acolhedor. Tudo feito de madeira carunchosa, um penico de cerâmica debaixo da cama, um cadeado para fechar a porta, paredes castanhas feitas de pedra e adobe e uma pequena placa do lado de fora com o número e nome do quarto: 11, dedicado ao São Barnabé. Curiosamente uma capicua. Quanto ao São Barnabé não faço ideia quem é. Reparei que todos os quartos tinham nomes de santos. A Hospedagem Inka revelava-se, aos poucos, cada vez mais fascinante. A casa de banho fica a 100 metros e fica debaixo do vão de uma escada. Mesas de pedra do lado de fora apoiam o pequeno-almoço que começa a ser servido as 6h quando devem estar cerca de 5 graus. Na cozinha, o chão é em terra e polvilhado com água para que a poeira não invada o ar. Tudo muito característico. Fica no cimo de uma subida íngreme com um tanto número de escadas desproporcionadas para o passo do homem actual. Tudo aquilo devia ter muito sentido há uns anos atrás e, na minha cabeça, continua a ter muito interesse.

 

Tomei o pequeno-almoço que se apresentou com um chá, pão do dia anterior ou do anterior do anterior, manteiga congelada e uma compota dentro de um boião que não devia ser lavado há alguns anos. Devia ser esse o truque para o seu sabor fabuloso. Às 7h30 sai em direcção à Plaza de Armas onde encontraria o meio de transporte que me guiaria ao km 82 do caminho-de-ferro, ponto de partida do caminho Inka actual. Antes, ainda tive tempo de comprar uns chocolates e rebuçados para repor as energias necessárias quando fosse preciso. Sentia-me bem fisicamente. A mochila estava bem ajustada, embora os fechos dos cintos já tivessem os dois partidos. O de cima, completamente irreparável, o de baixo com uma possibilidade remota de utilização que se revelou essencial ao longo dos metros percorridos. Comprei os chocolates e rebuçados e desci pausadamente em direcção à agência Ukukus Trek, onde iria encontrar o meio de transporte.

 

O dono da agência pôs-me a par das especificidades da minha caminhada, porque depois do primeiro dia iria separar-me do resto do grupo. Carregámos os carregadores (passo a redundância) e algum material. O carregador que iria ficar comigo era conhecido pelo Inka. Tinha 20 anos, era baixo e não parecia ser muito forte. Tímido, calado e com profunda noção de que ele era empregado e eu era patrão, o que me fez alguma confusão. Vestia uma camisola do Brasil que não abandonou até ao último dia. Não sei se era uma questão de afinidade emocional ou se não tinha mais roupa. Tinha um profundo sentido de inferioridade o que fez com que fosse muito complicado conseguir estabelecer uma relação saudável e humana entre nós os dois. Apresentou-se com nome bíblico de Moisés mas logo os amigos e colegas de trabalho apressaram-se em dizer que era o Inka. Fiz questão de conhecer o cozinheiro e o guia antes de partirmos. O cozinheiro, Victoriano, com um sorriso fantástico e uma boa disposição constante. Era o chefe dos carregadores. O guia, que nada tinha a ver com o grupo, Rómulo, simpático quanto baste e com um inglês com um sotaque muito peruano. Revelou-se mais tarde uma personagem interessante e com quem podíamos contar.

 

E partimos de viagem.

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