Outros voos para ver coisas indecifráveis

Linhas de NazcaChegado à Tour Peru, e a Tour Peru fechada. Ainda era cedo. Um senhor de idade, que trabalhava na loja do lado como soldador, informou-me que ele se encontrava na galeria comercial na Plaza de Armas. Era lá onovo escritório. Dirigi-me ao local e encontrei Marco Luque. Gordinho, moreno (claro!!!) e com uma camisa de seda aberta quase até ao umbigo. Como adorno, uma pulseira de ouro (ou pelo menos dourada!) muito pouco vistosa, como devem imaginar.

Descrições insultuosas à parte, Marco Luque revelou-se uma excelente pessoa. Comecei por dizer que queria tirar umas fotografias às Linhas de Nazca mas que não poderia ir num lugar qualquer do avião e que Giovanni (contacto de Pisco) me tinha dito que ele me poderia arranjar um lugar privilegiado. Telefonou e marcou logo um bilhete no lugar de co-piloto de um Cessna 185. Lindo! Comprei-lhe também o meu bilhete para Arequipa na camioneta das 23h.

Saí para arrumar a minha mochila e voltar rapidamente. Marco iria comigo ao aeroporto. Arrumei as coisas todas e deixei a mochila no depósito de mochilas do hotel pois tinha de fazer o check-out até às 12h. Fui ter com Marco e ele já tinha um táxi à nossa espera. Fomos directos ao aeroporto. A luminosidade estava boa para fotografar mas começava a levantar-se algum vento. O táxi deixou-nos à porta e logo uma senhora do aeroporto (tipo hospedeira de terra…eheh) veio-me buscar. Disse para eu preparar o material fotográfico rapidamente pois iria embarcar em poucos minutos. O vento estava-se a levantar e as condições de segurança estavam a ficar precárias. O piloto, Jorge, apresentou-se como o líder da expedição.

Fui o primeiro a entrar, para o lugar de co-piloto. Tudo isto se desenrolou em poucos minutos, entre muita pressa, e sem eu ter ainda pago o voo. Sentei-me. Os outros turistas entraram para trás. Mais 4 no mesmo avião. Dois homens e duas mulheres com quem nem sequer cheguei a falar tal era o barulho dentro da viatura. Jorge tinha um aspecto bastante civilizado, quando comparado com a grande parte dos peruanos. Entregou-nos um mapa das figuras que iríamos ver e um saco plástico para o caso de nos sentirmos mal dispostos. Entregou também auscultadores a todos. Os meus eram ligeiramente diferentes. Para além de ouvir as suas explicações, ouvia também as instruções da torre de controlo. Sem mais demora, arrancou. Preparei para começar a disparar e… porra! Tinha um pelo dentro da objectiva. Apressei-me a limpar. Desmontei a máquina num curtíssimo espaço físico e de tempo. Limpei com a camisola que trazia à cintura e preparei o primeiro rolo de slides.

Quando chegamos à primeira figura tinha acabado de montar a objectiva. Estava no local privilegiado para fotografar. Jorge só dizia: “Está muito vento e muita turbulência!”. Ele não guiava sossegado, estava constantemente nervoso e fazia consequentes subidas e descidas de altitude. O avião dava uns safanões frequentes. O cronómetro que estava preso ao volante marcava ainda poucos minutos. Verifiquei se o cinto estava bem apertado e procurei, no tablier cheio de luzes botões e informações indecifráveis, o mostrador do combustível. Só por descargo de consciência quis verificar como estavam as nossas reservas de combustível. Um pouco abaixo de meio. Achei suficiente sem nunca ter tido as mínimas noções de aviação.

Encontrávamo-nos já uma altitude considerável e lá em baixo começaram-se a esboçar inúmeras linhas e espirais sem sentido. Desenhadas de uma forma desordenada sem aparente lógica ou razão. A verdade é que aqueles registos já ali estão há séculos. Jazem naquela planície imensa sem serem desmanchados ou desfeitos pelos ventos fortes que sopravam. Eram desenhos enormes representando, em grande parte, animais. Viam-se macacos, alcatrazes, aranhas, cães, baleias e até um astronauta. Mas, claro, aquela era a interpretação que o homem do século XXI consegue encontrar. Para os povos pré-históricos, que não conheciam astronautas e nem sequer baleias, aquilo eram outras coisas, com outra simbologia, provavelmente bem mais interessante do que a interpretação actual que nos encaminha a uma especulação turística de tudo o que parece ter a mínima importância. Na verdade aquilo são desenhos com centenas de metros de largura desenhados numa pampa árida sem qualquer vegetação. Símbolos sulcados na terra em muitas horas de dedicação sem possibilidade de visualização aérea pois, naquela altura, ainda não existiam aviões. O voo durou pouco mais de 30 minutos e a aterragem decorreu com toda a normalidade. Na parte da frente, colado ao tablier um papel vermelho dizia “Tips are welcome” em várias línguas. Como não dizia em português e eu sou um somítico do caraças não dei nenhuma gorjeta. Grande lata, não?

Fiz um intervalo e voltei para escrever. Entretanto passei no meu excelente hotel de 3€ a dormida e peguei num papel com algumas informações sobre as linhas de Nazca. Aos animais que vos tinha descrito, acrescento o papagaio, o condor e o colibri. A história da cena é mais ou menos esta:

Em 1929 Paul Kosoc descobri uns desenhos numa planície com 525 km2 num local chamado de Pampa José Nasca. Maria Reiche começou a estudá-las em 1940. Cientistas afirmam que as linhas foram feitas pelo povo pré-inca entre 300 AC e 700 DC. Algumas pessoas afirmam que os desenhos têm a ver com as constelações, outros especulam que as linhas são mapas. Quantos aos peruanos que eu interroguei, afirmaram crer que era obra de seres de outro mundo e que se ajustava precisamente a um calendário. Para ajudar, já criaram uma série de bugigangas tipo porta-chaves e fios de pôr ao pescoço com os desenhos e a sua associação aos signos do zodíaco. Uma boa forma de vender e enganar os turistas mais ingénuos. Eu, não é que seja muito esperto, mas como tenho pouco dinheiro não fui na conversa. Mas chega das linhas de Nazca. Saí do aeroporto no táxi recomendado por Marco. O condutor, de nome Abelardo, deixou-me num restaurante recomendado por ele. Advertiu-me que seria atendido por El Greco. Entrei e perguntei pelo El Greco. Apresentou-se e serviu-me uma comida divinal. Mmmmmmm!

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