Um concerto dos Placebo em Brisbane, Austrália
Desembarco em Sydney e sigo directo para Bondi Beach, onde fico uma noite em casa da Xica, uma amiga do Porto que já não via há 15 anos, antes de voar para Brisbane onde tenciono alugar um carro para descer a costa novamente até Sydney.
Antes de sair de Portugal, tinha procurado algum concerto que pudesse haver durante os dias que ia estar em Sydney. Achei que poderia ser divertido e um bom momento para recordar mas não me dei ao trabalho de procurar noutras cidades. Felizmente, já tinha aprendido que os message boards dos backpackers e dos supermercados são uma excelente fonte de informação e, por esta altura, já tinha apanhado o hábito de os ler sempre.
E lá estava – “Placebo, 19 Março, Brisbane Convention Centre”. O suficiente para me convencer a ficar mais uma noite na cidade. Perguntei a alguém como conseguir bilhetes, liguei para a Ticketek, dei o número do cartão de crédito e pronto. Simples, simples… na véspera do concerto!
No dia seguinte, estranhei a forma ordeira como algumas centenas de pessoas aguardavam pacientemente que as portas abrissem, sem desacatos entre os surfistas e os góticos, ou entre os homo e os hétero, como se fosse a noite de estreia de um recital de piano e não de um concerto de rock pesado. Estranhei também não se poder beber álcool nem fumar dentro do recinto e fiquei muito envergonhado quando fui apanhado a tentar “contrabandear” cerveja dentro de um copo de Coca-Cola!
Apesar do ambiente menos intimista do que quando os vi no Coliseu do Porto, o concerto foi muito bom. “My Sweet Prince” foi a última música antes do encore. Molko sentou-se num pequeno banco, acendeu um cigarro (numa clara provocação às regras) e ficou ali uns segundos, imóvel, a olhar para o chão.
Depois, levantou a cabeça, olhou para mim (ia jurar que ele olhou para mim) e, antes de começar a tocar, murmurou: “This is a song for the broken hearted.”