Machu Picchu e chegada a Cusco sem sítio para dormir

Aguas Calientes, PeruEntrei pelo local mais bonito. Pelo local de onde se tiram todas as fotografias. O sol, que até aí estava oculto atrás das montanhas e das nuvens, começou a brilhar para me presentear com um espectáculo fabuloso. As pedras começavam a ficar douradas e o verde do chão brilhante com reflexos de humidade que nenhuma fotografia poderá um dia revelar.

Se calhar, nada estava assim. Era eu a sonhar. Mas eu queria sonhar e continuei a sonhar. A energia transmitida exigia que eu sonhasse e deleitava o olhar com uma paisagem que eu, nem na melhor fotografia, tinha imaginado. À minha frente, Wayna Picchu, a famosa montanha que preenche o fundo desta cidade perdida. Simplesmente fabuloso!

Sentei-me e contemplei. Escrevi, partilhei o que estava a viver comigo próprio. O momento era só meu. Desci e entrei pelo corredor das três janelas. O espectáculo era, mais uma vez, fabuloso. Passeava no meio das muralhas como se estivesse a viver outra época. Tocava as pedras e sentia o chão. Machu Piccu, que em quechua significa “montanha velha”, presenteou-me com o momento mais alto da viagem até agora. Foi simplesmente fabuloso!

Estive lá até ao meio-dia. Comecei a deixar de sentir a energia do ar. Provavelmente as numerosas visitas organizadas de japoneses, fortemente munidos com o último grito da era digital, estavam a absorver a energia ou então a dispersá-la. Desci rumo a Águas Calientes, povoação onde apanharia o meu comboio rumo a Cusco. Passei a porta dos turistas e deparei-me com um hotel em que a noite custa 600 dólares. Pôrra! Nunca será para o meu bolso, mesmo que tenha esse dinheiro. Desci pela estrada e recusei-me a apanhar os autocarros dos turistas, que custavam 5 dólares para percorrer um percurso que demoraria 1h30 num passo calmo. Recusei a escadaria Inka. Estava com os joelhos e os gémeos doridos. Seria melhor ir pela estrada calmamente com todo o tempo do mundo a pensar no que tinha vivido. Falava alto comigo próprio e comecei a raciocinar em Espanhol. Não me chateei.

Cheguei a Águas Calientes para almoçar e dirigi-me ao restaurante El Toldo para falar com Marco. A agência tinha-me mandado aqui para levantar o meu bilhete de comboio. O restaurante era francamente caro, como tudo em Águas Calientes. Águas Calientes é a povoação mais próxima do Machu Picchu e é, obviamente, turística. Para se entrar tem de se atravessar um túnel de lojas e lojinhas que vendem todo o tipo de bugigangas incas. Quase tudo falsificado. Fabricado em fábricas de Cusco, obviamente. Como o restaurante era caro fui procurar algo mais acessível à minha modesta bolsa. Mesmo junto a velha linha de caminho de ferro, onde se encontram inúmeras lojas e crianças a brincar, encontrei algo um pouco mais barato.

As lojas são em cima da linha e por todo lado há restaurantes e internet cafés. Tudo mesmo em cima da linha. A polícia usa uns fatos azuis escuros muito bem arranjados com o logótipo da Coca-Cola bordado à frente. O que e que se passa? É a Coca-Cola que paga à policia local? Este capitalismo assusta-me.

Acabei de almoçar e, tal como o nome indica, fui às piscinas medicinais de “águas calientes”. Estive lá uma hora a relaxar e a descansar os músculos. Desci a rua e às 16h estava a apanhar o comboio rumo a Cusco onde, segundo previsto, chegaria às 20h30. O comboio, embora conhecido pela linha Backpacker, estava extremamente bem arranjado. Uma locomotiva a vapor extremamente bem integrada na envolvência e homens a receber os turistas rigorosamente bem vestidos. Fui o último a entrar. Partimos a horas. Seguimos o vale do rio Urubamba e aproximamo-nos calmamente de Cusco. A viagem seguiu com alguma normalidade até eu perguntar a que horas chegaríamos. Estávamos 1h30 atrasados, o que faria com que chegasse a Cusco às 22h. Obviamente, muito tarde para quem ainda não tem sítio para dormir. A chegada é simplesmente inacreditável. O comboio desce a montanha andando de trás para frente por diferentes linhas. Vou tentar explicar: desce uma linha num sentido e depois desce outra noutro sentido como se tivesse a fazer numerosos Z´s. É incrível. Ficamos meia hora nisto até chegarmos à estação.

À porta da estação numerosos táxis a oferecerem os seus serviços. Recusei porque sabia que estava perto do centro, embora estivesse numa zona muito mal frequentada. Comecei a andar e parei para comer umas espetadas que se vendem na rua. Disseram-me para esconder a máquina fotográfica e pôr-me rapidamente a andar dali. Com a discrição possível abandonei o local ate à Plaza de Armas. Fui a um Internet Café ver os emails e deixei-me lá estar até à meia-noite. Ainda não tinha hotel e o mais provável era estar tudo fechado. Não sei porquê mas não me preocupei. Saí com medo da insegurança. Em todas as esquinas havia polícia. Estava bem. Dirigi-me ao “meu” hotel para ver se estava aberto. Cheguei, bati à porta e toquei várias vezes à campainha. Ninguém atendeu. Era quase 1h da manhã. Procurei outro hotel. Um pouco mais abaixo bati noutra porta. Abriram-me e receberam-me. Ficou um pouco mais caro mas estava bem. Tinha casa de banho privada com um chuveiro de água quente. Dormi descansado. No dia seguinte mudaria de hotel.

Acordei e tomei um excelente banho. Há já alguns dias que não tomava banho. Saí e fui para o outro hotel, onde reencontrei Yuri. Alojei-me exactamente no mesmo quarto e passei o dia a responder emails e a escrever esta crónica. Ainda tive para ir jantar a um local recomendado pelo amigo Ovelha mas estava fechado e jantei pelo preço mais barato até agora. 2€. Inacreditável! Fui ao posto de turismo saber dos comboios para Puno e fui à estação. Curiosamente, embora estivesse agendado, amanhã não haveria comboio para Puno. Não havia o número mínimo de 20 passageiros por isso o comboio na partiria. Irreal! Demais! Fui à estação de autocarros num táxi com o Javier. Depois de muito negociar, comprei o meu bilhete para amanhã as 8h por 10 Soles. Tínhamos começado nos 30 soles. Combinei com o Javier amanha ir-me buscar ao hotel às 7h30 e partirei rumo a Puno na margem peruana do lado Titicaca. Vai ser fabuloso!

Oferta de livro

Livre Trânsito

Recebe uma Newsletter com as melhores dicas para viajar! Como oferta, ainda te envio o livro com as crónicas da minha viagem de Volta ao Mundo.

Planeia a tua viagem com estas ferramentas

Voos

Pesquisa os teus voos no Skyscanner

Seguro de viagem

Faz um seguro de viagem com a IATI Seguros (5% desconto com este link)

Alojamento

Reserva o teu hotel, hostel ou guesthouse no Booking

Cartões bancários

Poupa nas taxas de levantamento com os cartões Revolut, N26 ou Wise

Tours e bilhetes

Marca tours e compra bilhetes para atracções através do GetYourGuide ou Civitatis

Rent-a-car

Aluga um carro ao melhor preço com a DiscoverCars

Consulta do Viajante

Faz a tua Consulta do Viajante Online (5% desconto com código tempodeviajar)

Internet

Tem sempre internet em viagem com a Airalo ou Holafly

Vistos e documentos

Trata do visto e outros documentos de viagem com a iVisa

Ao utilizar estes links poderás beneficiar de alguns descontos e vantagens e eu poderei ganhar uma pequena comissão. Desta forma, estás a valorizar o meu trabalho e a ajudar-me a manter o blog, sem pagar nada mais por isso.

1 comentário em “Machu Picchu e chegada a Cusco sem sítio para dormir”

Deixe um comentário