Os cuidados com a alimentação devem ser redobrados quando nos deslocamos para países com culturas gastronómicas e técnicas culinárias diferentes das nossas, climas quentes e, acima de tudo, com padrões higiénico-sanitários menos rigorosos.
A vulgarmente chamada “diarreia do viajante” é uma das situações mais frequentes nas estadias em países tropicais, mas a maioria dos surtos é auto-limitado, tem recuperação em poucos dias e raramente é perigosa. O seu tratamento baseia-se em evitar a desidratação, ingerindo muitos líquidos, em especial água (sempre engarrafada ou tratada) ou um chá fraco, e fazer uns dias de dieta.
A melhor forma de prevenção passa pela ingestão de alimentos e bebidas seguros, aprendendo a seleccionar os mais adequados e menos arriscados. Alguns conselhos habituais são:
– Beber apenas água engarrafada, com a tampa intacta. Não se deve ter vergonha de pedir outra garrafa, caso isso não aconteça.
– Tentar evitar bebidas com gelo. Também não se deve ter vergonha de perguntar se o gelo é feio com água boa. Já é relativamente usual que isso aconteça, mesmo em sítios mais modestos.
– Evitar beber leite em natureza ou não pasteurizado. Preferir sempre leite ultrapasteurizado (UHT) ou pasteurizado (leite do dia), fervendo-o antes de ingerir.
– Evitar consumir sumos e comida em vendedores ambulantes.
– Preferir alimentos bem cozinhados em vez de crus ou mal cozinhados (ex: saladas, ovo).
– Evitar todo o tipo de molhos, especialmente maionese e natas.
– Preferir frutos que possam ser descascados ou lavados em água segura e recusar os que o exterior não esteja intacto.
– Em alguns locais menos seguros, lavar os dentes com água engarrafada.
Os anti-diarreicos são dos medicamentos mais importantes a não esquecer na farmácia do viajante mas só devem ser tomados se houver certeza que se trata de uma diarreia benigna, pois, em casos de infecções sérias, podem até ser prejudiciais.
Se a diarreia persistir por mais de 3 dias e for acompanhada por sangue ou muco nas fezes, vómitos ou febre, deve-se consultar um médico rapidamente, com especial urgência no caso de se encontrar numa zona geográfica onde se verificou a presença de cólera.
Na minha opinião, todos estes conselhos devem ser enquadrados no contexto real que estivermos a viver, no nosso estado geral de saúde e experiência anteriores. Parece-me pouco proveitoso ser demasiado alarmista e acabar por não experimentar nada da gastronomia e hábitos locais.