Cheguei à cidade prometida e já eram quase 18h (hora local). Apresentei o meu passaporte e preenchi os respectivos formulários. A menina mulata, que estava do outro lado do balcão, folheou várias vezes o passaporte enquanto olhava para mim. Penso que ter os vistos da Índia, do Nepal, do Kosovo e de outros países estranhos faz com que a base de confiança transmitida seja menor. Deixou-me entrar. Troquei alguns dólares por uns soles (moeda local) e fui à procura de um táxi para me levar ao centro da cidade. Recusei 2 ou 3 e aceitei o que me pareceu mais barato e mais sério. Enganei-me! Cobrou-me 20 dólares até Miraflores, a zona mais rica de Lima, e recusou transportar-me até ao centro com o argumento de que haviam manifestações da população devido às condições precárias em que viviam. Acreditei! Não encontrou o hotel que eu queria e deixou-me à porta do InkaWasi Backpackers.
Uma cama no dormitório custou-me 10 dólares. A casa era muito arranjada. Fui à internet enviar uma mensagem para casa a dizer que tinha chegado bem e voltei para o hotel para cozinhar o jantar. Comi uma carbonara de confecção rápida na companhia de um espanhol que também tinha chegado no mesmo voo mas que eu ainda não conhecia. Ainda vi o motorista do táxi receber metade do que eu tinha pago pelo hotel e deitei-me cedo. Precisava de por o sono em dia. No dia seguinte iria apanhar um táxi para o centro. Já sabia que o centro não tinha sido assaltado por tumultos e que eu tinha sido redondamente enganado em tudo o que tinha negociado até agora. Quando acordei reparei que no dormitório onde dormia estavam mais 3 canadianos. Cumprimentamo-nos, tomei o pequeno-almoço sozinho e parti para o centro num táxi que custou o preço justo (10 soles = 3€).
Cheguei à Plaza Mayor, de clara influência colonial, e deparei-me com a catedral. Da catedral, seguindo o mapa do meu guia da Lonely Planet, foi um tiro ate ao Hotel Espana; 3€ por noite no dormitório. Bem mais aceitável do que o outro. O hotel é simpático, bonito e bem decorado. Conta com um Internet Café a preços bastante acessíveis. Durante todo o dia passeei sem destino com o objectivo de não encontrar lugar algum. Cruzei-me inúmeras vezes com homens de coletes fluorescentes com um cifrão nas costas e com grandes maços de dinheiro nas mãos. São os oficiais do câmbio que cambiam à taxa oficial. Desanuviei o espírito e descansei da viagem. Ainda me estava a habituar às diferenças horárias. No final do dia conheci uma Canadiana (porra, há canadianos por todo o lado!) que tinha andado 2 meses a fazer trekking aqui no Peru e na Bolívia. Recolhi algumas informações e fui-me deitar cedo.
O dia seguinte começou cedo. Como me tinha esquecido da lanterna, necessitava urgentemente de comprar uma, para além de um canivete (que tinha ficado no Aeroporto do Porto com o PSP). Saí em direcção ao mercado local onde normalmente há de tudo. Antes de comprar decidi desviar na direcção da estacão de autocarros para me informar dos bilhetes para Pisco. Queria partir no dia seguinte.
Estava agora numa zona da cidade onde não se via nenhum turista. Era só Peruanos por toda a parte. Vendedores de rua aos milhares. Muito trânsito! Dezenas de engraxadores de sapatos em cada esquina. Homens e mulheres a impingirem canetas, porta-chaves, balões, doces, chá, etc… em todos os cantos e mais alguns! O ar estava poluído. Pelas ruas inúmeros autocarros velhos, com as suspensões subidas por causa dos buracos. Muitas buzinadelas! Muito barulho! Muita, muita confusão. Fantástico. Isto é o Peru!!!
Disparei algumas tímidas fotografias e dirigi-me ao mercado central. Pelo caminho, ainda bebi um chá que se vendia na rua. Algo quente com aspecto viscoso, parecido com gelatina quente, recheado de ervas aromáticas com o nome de emoliente. Mercado… centro de todas as confusões. Conflito de cheiros, de sabores, de interesses, de cores, de tudo. Magnífico! Deambulei sem conseguir passar despercebido. Meti-me em algumas ruas tipicamente Peruanas e, hoje há tarde, estou a pensar tirar umas fotografias às famosas varandas de Lima. A ver vamos.
Amanhã partirei com destino a Pisco. Para quem quer saber onde fica, procure no mapa um pouco a sul de Lima, junto à costa, uma pequena vila antes de chegar a Iça, a capital do distrito. Provavelmente passarei lá o dia, dormirei em Ica e continuarei para sul habituando-me a este pais fantástico que conta com temperaturas mínimas de 14 graus e máximas de 26. Não é estranho? Daqui a umas semanas partirei a caminho do Machu Picchu. Para já, o mais importante, é habituar-me a região, à temperatura, ao fuso horário e a tudo para que mais tarde possa usufruir da beleza do pais com os 5 sentidos mais despertos.