Às vezes é preciso parar
Chego cansado. Cansado dos quilómetros que já percorri, cansado de saltar de cidade em cidade, cansado do crowd da Gold Coast e de ser tratado por “mate” em todos os tascos e esquinas.
E sinto o tempo a fugir. Por vezes viajo de noite para poupar o dia, outras vezes arranco logo após a surfada da manhã. Páro, surfo, dou uma volta pela cidade, procuro uma massagem para tratar a dor no ombro, surfo outra onda mais ao lado, como qualquer coisa, vou experimentar outra marca de cerveja, durmo rápido, acordo cedo, surfo…. e parto para a próxima cidade. Brisbane, Mooloolaba, Noosa, Bundaberg, Coolangata. Depressa, depressa porque não tenho tempo!
Tenho que parar. Preciso relaxar um bocado, estender a toalha e dormir na praia, pegar outra vez no livro, não pensar no regresso e nos próximos meses em Portugal, relembrar os planos da volta ao mundo… e sonhar.
Tinha combinado com o Rui Sousa, um amigo de praia cá do Porto que está a estudar na Austrália, ir ter com ele a Newcastle no dia seguinte mas apetece-me ficar mais tempo. O mar também baixou e ele diz que não vale a pena ir mais para sul porque não está a dar nada lá para baixo. “Fica aí na boa, vais curtir isso!”. Se curti, Sousa, se curti.
Byron é dos sítios mais “cool” que devem existir. Tem umas ondas boas num género de point-break de direita (sempre direitas!) mas o que distingue aquela terrinha é o seu ambiente relaxado em geral e o tipo de pessoas que lá se encontra. Alojo-me num quarto muito simples, numa pequena casa tipo familiar e entro na onda. Caminho pelas ruas sem destino, faço massagens, terapias de aromas, junto-me nas rodinhas, compro um didgeridoo e aprendo a tocar, entro na praia em frente à cidade para mais um fim de tarde de camaradagem e palhaçada dentro de água. A noite é relaxadíssima, de calções e t-shirt, sem os exageros dos sítios estragados pelo turismo e é possível falar com uma mulher bonita sem que ela pense que só estamos à procura de sexo rápido (não que não me tenha apetecido!).
Estou em Byron Bay. Volto em breve, mas talvez fosse mais fácil simplesmente continuar.