Tenho um nítido fraco pela Europa do Norte e pela Europa de Leste. Dito desta maneira até parece que tenho um fraco pela Europa toda menos a do Sul, o que seria incorrecto. Também não tenho nenhum amor especial pela França, por exemplo. Tenho simplesmente vindo a constatar ao longo dos anos que adoro a Europa de Leste e a Europa do Norte e confesso que acho que não tenho cura. Quando ainda estava na faculdade (esta frase enorme está aqui muito simplesmente porque não me lembro do ano, nunca me lembro do ano), fui visitar uma amiga à Noruega e nunca mais fui a mesma.
Contudo, o meu amor pela Bélgica foi gradual. Começou em Bruxelas e estendeu-se pelo país inteiro. Comecei por apreciar os parques por todo o lado, a enorme variedade de nacionalidades presentes, a absurda quantidade de banda desenhada e, claro, a cerveja e os chocolates. Mal dei por mim, tinha uma lista de restaurantes preferidos, os funcionários de lojas de banda desenhada cumprimentavam-me pelo nome e o meu médico disse-me para parar de beber cerveja e comer menos chocolates.
Como é que se explica tantos emigrantes neste país e tantas comunidades diferentes, com a(s) sua(s) língua(s) e culturas diferentes, tanta actividade cultural, tantos bons restaurantes, bares etc e a fama cinzenta que a Bélgica tem? O escritor Harry Pearson, que escreveu o livro A Tall Man in a Low Land: Some Time Among The Belgians, defendia que os belgas, depois de serem invadidos várias vezes ao longo da sua curta existência, tentavam ao máximo passar despercebidos, a ver se ninguém se lembrava que o país estava mesmo ao virar da esquina. Embora a teoria de Pearson seja bem mais interessante, eu acho que a reputação deve-se a algo fora do nosso controle: o tempo. No ano passado o verão foi em Abril. De Junho a Setembro ou choveu ou estava forrado. Se havia um dia de sol as pessoas ficavam quase histéricas, todas as conversas no café começavam com um ‘e este sol, hein?’. Se a Bélgica tivesse um tempo decente, com quatro estações em vez de duas teria muito mais habitantes.
O meu regresso, embora com o stress adicional de tratar da burocracia de dois países, tem sido fantástico. O verão chegou lindíssimo e quente (as conversas mesmo após estes dias todos continuam histéricas), as esplanadas e os amigos têm contribuído imenso para recuperar o peso que perdi na Tailândia e até consegui três patrocinadores para crianças da minha ONG (20 Euros por mês pagam a escola, alimentação, material escolar, roupa e vacinas). Um verdadeiro sucesso.
Deixo-vos com um álbum de fotos extenso. Algumas fotos foram tiradas antes destas férias, mas após quase 3 anos a viver na Bélgica tenho as minhas paixões e quis partilhá-las. Além disso, voltei a passear pelas mesmas zonas e não me pareceu necessário tirar mais fotos. Os mapas do país foram retirados do Wikipedia e separam as fotos por região: Bruxelas, Flandres e Wallonia. O velhote simpático a tocar guitarra numa das fotos é uma figura de culto Bruxelense ao ponto de, no ano passado, ter surgido uma BD inspirada na sua figura. A capa da BD é a foto seguinte. Tive o prazer de o ouvir tocar ao vivo e garanto-vos que tem mais rock ‘n’ roll que muitas bandas que por aí andam.
P.S. Parto Sexta-feira para Washington D.C. mesmo a tempo do 4 de Julho.
Se quiserem patrocinar uma criança no projecto Children Of The Forest, com o qual a Bárbara está a trabalhar na Tailândia, cliquem aqui ou entrem directamente em contacto com a Bárbara.