Bangkok e a longa viagem até ao projecto

Confesso que as minhas primeiras horas em Bangkok foram passadas de barriga para baixo e de corpo estendido na diagonal na cama do hotel. Eu sei que é melhor ficar acordada para curar o jet lag mais depressa, para entrar no ritmo local mais depressa… mas é que nem fiz de propósito, tomei um duche, sentei-me e pronto, acordei horas depois.

A primeira impressão foi ainda das pontes para peões, nunca tinha visto tantas. Mesmo após dois dias na zona continuei a ir pela saída errada e a obrigar-me a subir e descer degraus desnecessariamente. Da terceira ou quarta vez o segurança não me deixou passar e tive de dirigir-me para a porta certa.

Saí sem mapa e andei a pé até não poder mais. Se no império romano todas as estradas iam dar a Roma, aqui qualquer estrada irá bater num templo budista.

A comida na rua é uma tentação do diabo. Não é normal a comida ser tão deliciosa. Não fui a um único restaurante mas digamos que o dono do carrinho do milho já me conhecia. A comida é feita no dia, às vezes até na hora. A carne/peixe normalmente são no espeto, o que facilita o consumo “on the go”.

As pessoas são extremamente simpáticas, hospitaleiras e genuinas. Não podia esperar melhor. O inglês não é tão generalizado como tinha pensado, contudo as pessoas esforçam-se por comunicar, por mostrar o caminho certo, com gestos, desenhos e sorrisos. Muitos sorrisos. A Tailândia merece ser chamada a terra dos sorrisos. Há dias explicaram-me que é a terra dos sorrisos não por estarem sempre felizes mas por terem mil e um sorrisos diferentes conforme as ocasiões.

Dois dias depois decidi ir para a escola. Tinha acordado com a directora que iria descansar antes de apanhar o autocarro – a viagem dura sete horas – e entusiasmada com o meu sucesso intitulado “não me perdi e cheguei ao hotel sozinha” não tomei as precauções que normalmente tomaria, por exemplo, não apontei a morada e telefone da escola, apenas o nome da cidade e as indicações do autocarro. Claro que não ia correr bem.

Acordei às 4h da manhã, o táxi chegou antes da hora e na minha ingenuidade achei que o hotel já tinha combinado o local. O taxista sabia duas palavras de inglês e não ligou o contador. Magnífico… Para quem não conhece Bangkok posso apenas dizer que é hora de ponta o tempo todo, a qualquer hora, por isso quando me vi sozinha numa rua deserta e sem iluminação fiquei preocupada. Naturalmente em vez de tentar me acalmar pensei em todas as coisas más que me podiam acontecer. Maldito cérebro. Voltei a perguntar pelo terminal de autocarros em mau tailandês, recebi mais um aceno com a cabeça e nada mais. Passados alguns minutos cheguei ao terminal com o estômago às voltas e paguei o preço inflacionado.

Apenas a pensar em tomar o pequeno-almoço mostrei o papelinho com o nome da cidade que precisava. Uma senhora escoltou-me e outros dois ajudaram-me a comprar o bilhete. Devia ter desconfiado quando vi que a plataforma não correspondia à que me tinham dito mas achei que os locais sabiam melhor que eu. Encostei-me à mochila e preparei-me para dormir durante sete horas. Eram seis da manhã. Duas horas depois mandam-me sair do autocarro, tinha chegado a Sanghklaburi. Mau…

Após umas voltas pela paragem confirmei que tinha de regressar a Bangkok e apanhar outro autocarro. Ou seja, além das sete horas que tinha planeado tinha somado mais quatro. Porreiro. Há autocarros às cinco, seis e nove e meia da manhã e um ao meio dia. Quando cheguei à bilheteira certa só havia a possibilidade de apanhar o último. No entanto o senhor da bilheteira (o bilheteiro?) explicou-me que havia um autocarro às onze. Enviei uma sms à directora da escola e fui finalmente tomar o pequeno-almoço.

Três horas de viagem depois e voltam a dizer-me para sair, tinha chegado ao destino. Uma senhora muito simpática recusou-se a deixar-me sozinha até alguém me soubesse explicar onde estava e o que tinha de fazer. Quase que a abracei. Toda a gente falava numa carrinha, 200km e sei lá mais o quê. Recusei-me categoricamente a entrar até ter a certeza do que estava a fazer. Por mero acaso o cozinheiro da escola estava a enviar coisas através da carrinha antes de ir de férias até Bangkok. Tratou do meu bilhete e do bilhete da minha mala (não perguntem) e explicou-me que ainda estava a quatro horas de distância.

Até hoje não tive uma viagem tão agitada, com o carro aos solavancos ao ponto de eu largar uma grande cabeçada do tecto. Mas lá cheguei após quatro horas muito longas. A directora da escola lá estava com uma scooterzinha. Parece que toda a gente tem uma scooter nesta terra. E claro, ninguém usa capacete. A primeira coisa que a senhora me perguntou após me dizer olá foi:

– Então, não apanhaste o autocarro directo?

Não sei se foi o começo de uma bela amizade.

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