Caríssimos, recomendo os templos de Angkor Wat como recomendei o Vietnam. Mas, pela vossa saúde, não venham em Abril!
Não só a temperatura média é de 40 graus (com uma humidade maluca) como as celebrações do ano novo fazem os preços subir, os restaurantes fechar e trazem metade do país até aos templos. Por um lado, até é giro ver como celebram o ano novo: a tradição obriga a mandar água a toda a gente. A água limpa-nos dos pecados permitindo-nos entrar no ano novo a partir da estaca zero. Mas, por outro lado, é difícil tirar fotos sem 58 pessoas no caminho, há música aos berros por todo o lado (parecem que menos de 7 colunas enormes por rádio não e suficiente), e há as verdadeiras multidões asiáticas que nos fazem sentir muito pequeninos. Como há imensos templos, nem todos tem enchentes mas garanto-vos que basta um para aprenderem a lição.
O Cambodja estava na minha lista de países a visitar há muitos anos, especialmente por causa de Angkor Wat. Um país com algo tão místico e belo como os templos de Angkor só podia ser belo. Daí o meu choque ao dar por mim a não gostar da capital – a não gostar ao ponto de querer ir embora – e a não me sentir acolhida pelas pessoas. Será o meu amor pelo Vietnam tão forte que qualquer outro país cairá sempre em desgraça? Fiquei honestamente preocupada e faço questão de visitar muitos mais países, logo tinha de mudar a minha mentalidade, o meu favoritismo vietnamita.
Entretanto, na minha pousada, à hora do jantar, todos se queixavam da capital, quer pelo barulho, pelos cheiros, pelos preços, quer pela pura falta do que fazer… (quem como eu quiser evitar o museu da guerra e os campos da morte terá muito menos para fazer na capital).
Receava que Angkor Wat me fosse desiludir, que o influxo de turistas e de locais me fosse desiludir. Já nem esperava que as pessoas fossem simpáticas, depois da minha estadia no Vietnam ninguém me parecia tão simpático. Algumas horas num autocarro com um filme do Jackie Chan (dobrado) com o volume a permitir aos astronautas russos o acompanhamento auditivo e tudo mudou. A paisagem foi ficando mais pobre e mais verde, os sorrisos aumentavam assim como a hospitalidade.
Os templos são, oficialmente, a construção humana mais bela que já vi. Um dos templos, Ta Prohm, trouxe-me lágrimas aos olhos. Outro permitiu discutir o tamanho dos narizes europeus com uma família local. Simplesmente perfeito.