Os meus amigos têm inveja da minha vida. De poder decidir o quê, como e com quem em cima da hora; de viajar para os sítios que quero e na altura que me apetece; de ficar a dormir em sítios baratos para poupar dinheiro para os transportes e para mais uma semana de férias; de não dar satisfações a ninguém; de poder ficar na praia o dia todo e só voltar para casa à noite; de conhecer pessoas novas, meter-me em aventuras e esquemas; de sair à noite sem programar e apanhar a maior farda dos últimos meses; de gastar o salário em pranchas, CDs, máquinas digitais, iPods e outros aparelhometros. Enfim, como um deles me disse um dia, “de viver os 30 em grande”!
Eu tenho inveja da deles. De chegar a casa e ter alguém com quem falar; de ver a barriga dela crescer e de ter alguém a dar os primeiros passos na minha direcção; de me ficar a ver surfar e de me passar a mão pelo cabelo molhado depois de sair da água; de ter fotos de viagens e fins-de-semana em que, efectivamente, eu apareço; de fazer jantar para mais que uma pessoa; de ir jantar a casa dos sogros; de ter a carrinha cheia de tralha e brinquedos; de lhe mostrar sítios novos e contar-lhe histórias passadas; dos meus amigos lhe contarem essas histórias; de partilhar aquele fim de tarde mágico em Bali ou em Koh Lanta; de me segurar na mão durante as descolagens.
Tenho inveja dos pais espectaculares que eles se tornaram sem nunca deixarem de ser os mesmos “putos” de sempre. Tenho inveja do pai que eu poderia ser.
Já não sei se fui eu que escolhi esta vida ou se, simplesmente, esta foi a vida que me aconteceu. Mas seja.
Este texto faz parte do meu livro “O primeiro passo”, que pode ser adquirido em formato papel tradicional ou em formato e-book clicando no seguinte link.
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É André, em teoria o ideal é ter o melhor dos dois mundos, que é o que eu tento fazer. Ninho e loberdade não combinam muito bem na mesma frase, mas é possível. Só não é nada fácil de conciliar, como um dia escrevi a esse respeito, num texto a que chamei Conciliar família e viagens, o eterno conflito de quem ama viajar. Que me dizes? Olha que vale a pena tentar…
Grande abraço.
Certo Filipe! Dou muitas vezes o teu exemplo quando o assunto vem à baila… :) Grande abraço