Não é a minha primeira visita aos Estados Unidos mas, de certa forma, até é a primeira vez na terra do tio Sam. Fui a Boston visitar o meu tio quando tinha 14 anos, hoje tenho a certeza que era demasiado nova para apreciar verdadeiramente qualquer país. Não estou a dizer que não gostei (adorei) ou que não me diverti mas agora aos 27 sei que vou conseguir absorver e aproveitar como deve ser.
Engraçado que mesmo depois destas viagens todas, destes meus anos a viver fora de Portugal, ainda tenho um nervosinho miúdo quando vou para o aeroporto.
– Tenho os carregadores todos? Tenho o passaporte? Vi bem as horas de partida? E se há trânsito?… Bolas, devia ter saído mais cedo de casa. Tenho roupa suficiente? Se calhar tenho roupa a mais…
Se calhar o nervoso ajuda, visto que nunca perdi um vôo e quando me esqueço de qualquer coisa é sempre algo fácil de substituir como uma escova de dentes ou uns chinelos – tenho um recorde pessoal na categoria ‘esqueci-me da escova de dentes e/ou dos chinelos’ – por isso enfrentei a longa viagem para o aeroporto de New Jersey bem-disposta e cheia de sono.
A minha amiga não me podia ir buscar, então esperei por uma rapariga que não conhecia. Claro que não nos encontramos e devo ter sido a única pessoa em todo o aeroporto a apanhar seis telefones avariados e uma máquina de cartões telefónicos que gosta de comer dólares sem devolver cartões. Contudo, correu tudo bem e cheguei a Washington D.C. a tempo do 4 de Julho, o dia da independência americana.
O 4 de Julho é uma daquelas celebrações que vi nos filmes americanos durante anos, estava muito curiosa para ver se as coisas se passavam mesmo assim. E para minha surpresa, sim, as coisas foram como nos filmes… mas ainda melhor.
Estava um belo dia de verão, havia montes de animação na rua, pessoas sentadas na relva com o seu picnic, uma parada um pouco surreal e um festival, o Smithsonian Folklife festival. Havia concertos, comida e bebidas grátis. O Folklife festival lembrou-me um pouco o festival português Andanças, só que o Andanças (saudades…) foca em danças populares e tradicionais e o Folklife foca na música e no modo de vida (tradicional, novo etc). As minhas primeiras horas nos Estados Unidos foram passadas a dançar ao som de música tradicional do sul da Colômbia. Muito fixe.
Ao final da tarde fomos com uma amiga brasileira para a relva com o resto dos americanos. Comemos e conversamos até à hora do fogo-de-artifício.
Achei os americanos super simpáticos e acessíveis. Ninguém se importou de explicar o caminho várias vezes, quando não tinha o troco certo o senhor atrás de nós deu-nos simplesmente uma moeda, toda a gente diz ‘olá’ e ‘bom dia’ – algo que eu acho que Portugal está a perder, excepto quando conhecemos o vizinho – pude deixar a máquina fotográfica no chão enquanto fui dançar que ninguém roubou nada e achei-os super divertidos no salão de baile do festival.
Ainda nem cá estou há uma semana e já estou completamente rendida. Isto promete.